Um novo capítulo nas tensões comerciais?
O Que Esperar do Governo Trump? Com novas tarifas recém-impostas pelos EUA, o mundo está atento ao próximo passo da administração Trump. E tudo indica que o campo de batalha pode se expandir para além do comércio: o setor financeiro pode virar uma poderosa arma geopolítica.
Os EUA e seu domínio financeiro global
Como maior economia do planeta e emissor do dólar — a principal moeda de reserva mundial — os EUA têm à disposição ferramentas capazes de influenciar ou pressionar nações inteiras, seja por meio de acordos, controle cambial ou bloqueios financeiros.
Por que isso é importante?
Mesmo com tarifas em vigor, o déficit comercial americano persiste. E com o país em pleno emprego, é pouco provável que só essas medidas tragam o resultado esperado.
Neste cenário, Trump pode recorrer a estratégias financeiras não convencionais, com alto potencial de impacto.
Caminhos possíveis: controle cambial e estratégias de pressão
1. Enfraquecer o dólar de forma coordenada
Uma hipótese ventilada nos bastidores é a criação de um novo acordo internacional — apelidado de “Acordo de Mar-a-Lago“, inspirado no Acordo Plaza de 1985.
A ideia seria convencer (ou forçar) bancos centrais da Europa e da Ásia a valorizarem suas moedas, tornando os produtos americanos mais competitivos.
➡️ Porém, especialistas afirmam que o cenário atual não favorece esse tipo de cooperação. Afinal, a situação política e econômica do mundo mudou bastante em 40 anos.
2. Restringir o acesso ao dólar
Caso não haja acordo, Trump poderia recorrer a uma tática mais drástica: limitar o acesso de bancos estrangeiros ao dólar por meio das chamadas linhas de swap do Federal Reserve.
Essa medida criaria uma escassez da moeda americana nos mercados internacionais, prejudicando principalmente Europa, Japão e Reino Unido.
⚠️ Apesar de polêmica, essa estratégia poderia ser usada como “ameaça” em uma negociação maior — segundo alguns analistas.
O trunfo dos EUA: domínio sobre os meios de pagamento
Legenda: Empresas americanas controlam uma grande parte dos pagamentos eletrônicos no mundo.
(Crédito: Unsplash)
Além do controle cambial, os EUA têm outro ás na manga: as gigantes dos pagamentos eletrônicos. Empresas como Visa, Mastercard, Apple Pay e Google Pay processam bilhões em transações diariamente, inclusive na Europa.
Imagine o caos se esses serviços fossem interrompidos em resposta a uma crise política? Foi exatamente o que aconteceu com a Rússia após a invasão da Ucrânia.
➡️ A Europa reconhece essa vulnerabilidade e estuda a criação de um euro digital como solução — mas isso ainda está longe de se concretizar.
Como a Europa pode reagir?
As possíveis reações europeias incluem:
- Imposição de novas tarifas comerciais;
- Limitação do acesso de bancos dos EUA ao mercado europeu;
- Criação de infraestruturas financeiras próprias.
Mas todas essas ações envolvem riscos, inclusive uma possível retaliação americana.
O que tudo isso significa para o mundo?
Vivemos em uma era em que geopolítica, finanças e tecnologia estão mais conectadas do que nunca. E o uso do sistema financeiro como instrumento de poder pode transformar as relações internacionais.
Empresas, investidores e até cidadãos comuns devem acompanhar de perto esses movimentos — porque os impactos podem ser globais e imediatos.